sábado, 29 de janeiro de 2011

O abstracionismo (abstração) divide-se em duas tendências:

* Abstracionismo lírico:

O abstracionismo lírico ou abstracionismo expressivo inspirava-se no instinto, no inconsciente e na intuição para construir uma arte imaginária ligada a uma "necessidade interior"; tendo sido influenciado pelo expressionismo, mais propriamente no Der Blaue Reiter. Aparece como reacção às grandes revoluções do século, nomeadamente a I Guerra Mundial.

O jogo de formas orgânicas e as cores vibrantes não eram muito patentes; mas também a linha de contorno sobressaía nesta arte que era muito figurativa.

Muitas artes naquela época procuravam se expressar por meio de música, sons. Mas o abstracionismo tinha o objetivo de se expressar por meio de desenhos abstratos, de forma figurativa. É desta forma que o abstracionismo lírico pretende igualar ou mesmo superar a música, transformando manchas de cor e linhas em ideias e simbolismos subjetivos.

Se expressa através de cores, linhas, formas, texturas, etc, a partir da imaginação do pintor, sem retratar nada visível ou do mundo real.

Wassily Kandinsky foi o mentor deste género, utilizando cores puras em pinceladas rápidas, tensas e violentas.

* Abstracionismo geométrico:

O Abstracionismo geométrico, ao contrário do abstraccionismo lírico, foca-se na racionalização que depende da análise intelectual e científica. Foi influenciado pelo cubismo e pelo futurismo. O abstraccionismo geométrico divide-se em duas correntes:

* Neoplasticismo na Holanda - O termo Neoplasticismo refere-se ao movimento artístico de vanguarda capitaneado pela figura de Piet Mondrian, relacionado à arte abstrata. O Neoplasticismo defendia uma total limpeza espacial para a pintura, reduzindo-a a seus elementos mais puros e buscando suas características mais próprias. Muitos de seus ideais foram expostos na revista De Stijl (O Estilo).

A necessidade de ressaltar o aspecto artificial da arte (criação humana) fez com que os artistas deste movimento (notadamente Mondrian e Theo van Doesburg) usassem apenas as cores primárias (vermelho, amarelo, azul) em seu estado máximo de saturação (artificial), assim como o branco e o preto (inexistentes na Natureza, o primeiro sendo presença total e o segundo ausência total de luz).

Claramente um movimento de arte de pesquisa, os experimentos realizados pelos artistas neoplásticos foram essenciais para a arquitetura moderna, assim como para a formulação do que hoje se conhece por design. Apesar de afastados da Bauhaus devido a questões pontuais, ambos os movimentos fazem parte de um mesmo universo cultural.

Embora muitos vejam o Neo-Plasticismo como produto da revolta moral contra a violência irracional que assolava a Europa, alguns outros fatores foram essenciais para o nascimento do movimento, como o cubismo, que desfigurou os modos tradicionais de representação; o idealismo e a austeridade do protestantismo holandês; o viés místico da teosofia, movimento do qual Piet Mondrian era membro.

Neoplasticismo é o termo criado pelo artista holandês Piet Mondrian para uma arte abstrata e geométrica. Segundo o artista, a arte deve ser desnaturalizada e liberta de toda referência figurativa ou de detalhes individuais de objetos naturais. Assim, Mondrian restringiu os elementos de composição pictórica à linha reta, ao retângulo e às cores primárias, azul, amarelo e vermelho, aos tons de cinza, preto e branco.

Mondrian fundou, com Theo Van Doesburg a revista De Stijl, publicada de 1917 a 1928, onde publicou os textos sobre o neo-plasticismo, sendo um deles 'Realidade Natural e Realidade Abstrata", um ensaio fundamental para o Abstracionismo 2º fase.

Esta pintura representa um modelo exemplar da harmonia universal ou verdadeira beleza, a medida da evolução humana por um ambiente total que pudesse viver em harmonia.

* Suprematismo na Rússia - O Suprematismo (em russo, Супрематизм) foi um movimento artístico russo, centrado em formas geométricas básicas - particularmente o quadrado e o círculo - e tido como a primeira escola sistemática de pintura abstrata do movimento moderno.

Seu desenvolvimento foi iniciado por volta de 1913 pelo pintor Kazimir Malevich. Naquele ano, na mostra O Alvo, em Moscou, Malevitch expôs o Quadrado preto sobre um fundo branco. Em O mundo sem objeto, livro publicado em 1927 pela Bauhaus, Malevich descreve a inspiração que deu origem à poderosa imagem do quadrado negro sobre um fundo branco:

"Eu sentia apenas noite dentro de mim, e foi então que concebi a nova arte, que chamei Suprematismo."

O manifesto do movimento, Do cubismo ao suprematismo, escrito por Malevich e pelo poeta Mayakovsky, só foi publicado em 1915, e nele o Suprematismo será definido como "a supremacia do puro sentimento". O essencial era a sensibilidade em si mesma, independentemente do meio de origem.

À epoca da publicação do manifesto, Malevich já era um artista importante, tendo participado, com trabalhos cubo-futuristas, das mostras coletivas do grupo Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), em Munique, e do Rabo do burro (russo: Ослиный хвост, em Moscou), ambas em 1912, sendo esta última concebida como a primeira ruptura consciente dos artistas russos com a Europa e a afirmação de uma escola russa, independente.

As pesquisas formais levadas a cabo pelas vanguardas russas do começo do século XX, o raionismo (ou raísmo) de Mikhail Larionov (1881-1964) e Natalia Goncharova (1881-1962) e o Construtivismo de Vladimir Evgrafovic Tatlin (1885-1953), a proliferação de novas formas artísticas em pintura, poesia e teatro, bem como um renovado interesse pela tradição da arte folclórica russa, constituíam o ambiente de grande efervescência ideológica e artística pré-revolucionária em que Malevich vai defender uma arte livre de finalidades práticas e comprometida com a pura visualidade plástica.

Trata-se de romper com a idéia de imitação da natureza, com as formas ilusionistas, com a luz e a cor naturalistas - experimentadas pelo Impressionismo - e com qualquer referência ao mundo objetivo, que o Cubismo de certa forma ainda alimentava. Malevich ainda fala em "realismo", e o faz a partir das sugestões do místico e matemático russo P.D. Ouspensky, que defende haver por trás do mundo visível um outro mundo, uma espécie de quarta dimensão, além das três a que nossos sentidos têm acesso. O Suprematismo representaria essa realidade, esse "mundo não-objetivo", referido a uma ordem superior de relação entre os fenômenos - uma forma de "energia espiritual abstrata" -, que é invisível mas nem por isso menos real.

A partir de 1915, o Suprematismo de Malevitch e o Construtivismo de Tatlin serão as duas grandes correntes da vanguarda ideológica e revolucionária russa, liderada por Mayakovsky e oficialmente apoiada pelo comissário para a instrução do governo de Lênin, Lunacharsky.

Na "Última Exposição Futurística de Pinturas: 0.10", organizada por Ivan Puni, em Petrogrado, em dezembro de 1915, Malevich escolheu o termo "suprematismo" para descrever suas próprias pinturas, porque era o primeiro movimento artístico a reduzir a pintura à pura abstração geométrica. Ao todo ele mostrou trinta e cinco trabalhos abstratos.

Em 1920, Malevich publicará ainda um ensaio denominado O suprematismo ou o mundo da não representação, aprofundando os aspectos teóricos do movimento. Segundo Malevich, o artista moderno deveria ter em vista uma arte finalmente liberada dos fins práticos e estéticos, trabalhando somente segundo a pura sensibilidade plástica.

O suprematismo permanecerá essencialmente ligado ao nome do seu criador, embora os reflexos da sua poética ultrapassem as pinturas e modelos arquitetônicos do artista. Seus maiores expoentes, além do próprio Malevich, foram El Lissitzky, Lyubov Popova, Ivan Puni e Aleksandr Rodchenko.

Abstracionismo no Brasil:

No Brasil, o abstracionismo teve suas primeiras expressões na década de 40. Entre os artistas mais importantes destacam-se Abraham Palatnik, Ivan Serpa, Loio-Pérsio, Luiz Sacilotto, Antônio Bandeira, Manabu Mabe e Tomie Ohtake.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Abstração:

Abstração é o processo ou resultado de generalização por redução do conteúdo da informação de um conceito ou fenómeno observável, normalmente para reter apenas a informação que é relevante para um propósito particular. Por exemplo, abstraindo uma bola de futebol de couro por uma bola de futebol retemos apenas a informação das propriedades e comportamento da bola genérica. Similarmente, abstraindo a felicidade para um estado emocional reduz-se a quantidade de informação coberta pelo estado emocional. Cientistas da computação usam a abstração para entender, resolver problemas e comunicar suas soluções para o computador usando alguma linguagem computacional em particular.

Na filosofia, abstração é o pensamento processo de pensamento em que ideias são distanciadas do objeto (filosofia) objetos, operação intelectual onde existe o método que isola os generalismos teóricos dos problemas concretos por forma a resolver os últimos.

A abstração usa a estratégia de simplificação, em que detalhes concretos são deixados ambíguos, vagos ou indefinidos; assim uma comunicação efetiva sobre as coisas abstraídas requerem uma intuição ou experiência comum entre o comunicador e o recipiente da comunicação. Isso é verdade para todas as formas de comunicação verbal/abstrata.

Através da abstração podemos imaginar as resultantes de determinada decisão ou ação, sem recorrer a mecanismos físicos ou mecânicos de resolução.

Segundo alguns, quando se está em processo de criação mental, ou abstração, não são dispensados os elementos concretos que constituem a formação do raciocínio. Este, por sua vez supõe e visualiza os resultados através de figuras de imagens mentais ou abstrações.

O planejamento de uma ação extrai dos dados concretos os traços julgados essenciais. Pois o critério subjetivo do processo criativo necessita de figuras de comparação que resultam no planejamento para a ação futura.

Embora nem sempre a abstração esteja ligada à criação, a criação está sempre ligada à abstração, portanto, sem a segunda, não há a primeira. Com isso pode-se afirmar que a expressão "arte abstrata" (também chamada de "abstracionismo") se consagrou numa forma de criação de figuras que não representam fielmente objetos do mundo exterior. As "figuras abstratas" são interpretadas de acordo com aquele que as observa.

Os primeiros símbolos do pensamento abstrato em humanos pode ser traçado entre 50.000 e 100.000 anos atrás na África.